Os companheiros de Olga Benario
Para preparar e dirigir o movimento armado de 1935, no Brasil, o Komintern enviou o agitador e sabotador internacional Arthur Ernest Ewert ou Harry Berger, ex-deputado comunista no Parlamento da Alemanha e processado em seu país natal por alta traição.

Arthur Ewert chefe da Intentona Comunista de 1935
Além dele chegaram Rodolpho Ghioldi, secretário geral do PC argentino, Pavel e Sofia, ucranianos, agentes da cúpula do Komintern, que se fizeram passar pelos belgas Léon Jules e Alphonsine Vallé e escaparam do Brasil em maio de 1936.
Ainda podem ser citados o italiano Amleto Locatelli, conhecido por "Bruno", Johann de Graaf, conhecido por "Franz Gruber", a mulher de Arthur Ewert, Elise Saborowski, Olga Benário, agente do serviço de espionagem russo, incumbida de acompanhar Luís Carlos Prestes ao Brasil, e outros.
Após a derrota da intentona, os agentes soviéticos conseguiram retornar a Moscou, onde apresentaram seus relatórios. Foram todos liquidados no Grande Expurgo stalinista de 1937/38. Amleto Locatelli morreu na Guerra Civil Espanhola. A Gestapo executou as agentes Olga Benário e Elise Saborowski.
Alguns poucos, como Arthur Ewert e Elise Saborowski foram presos e ficaram detidos no acantonamento policial existente no Morro de Santo Antônio. Sobre Ewert, chefe do movimento, se abateu a revolta dos militares do Exército, principal agredido pela ação comunista, cujos oficiais e soldados foram assassinados a traição, logo nos primeiros momentos do levante, com a perda de centenas de militares, só no Rio de Janeiro.
Ao ser interrogado indicou a localização do esconderijo de Prestes, conseqüentemente preso horas depois. Tal fato, imperdoável na esfera comunista, fez com que a propaganda do partido o apontasse como um grande mártir para amenizar o seu ato.
Relação dos condenados pelo Tribunal de Segurança Nacional, após a derrota da Intentona comunista:
- ex-capitão Luiz Carlos Prestes
- Arthur Ernest Ewert ou Harry Berger( agente estrangeiro )
- Rodolfo Ghioldi ( agente estrangeiro )
- Leon Jules Vallée (agente estrangeiro )
- Antonio Maciel Bonfim ou Adalberto de Andrade Fernandes
- Honorio de Freitas Guimarães
- Lauro Reginaldo da Rocha ou Lauro Reginaldo Teixeira
- Adelino Deycola dos Santos
- ex-major Carlos da Costa Leite
- Ilvo Furtado Soares de Meireles
- Pedro Ernesto Baptista
- ex-capitão Agildo da Gama Barata Ribeiro
- ex-capitão Alvaro Francisco de Souza
- ex-capitão José Leite Brasil
- ex-capitão Sócrates Gonçalves da Silva
- ex-capitão AglibertoVieira de Azevedo
- ex-primeiro tenente David de Medeiros Filho
- ex-primeiro tenente Durval Miguel de Barros
- ex-primeiro tenente Celso Tovar Bicudo de Castro
- ex-primeiro tenente Benedicto de Carvalho
- ex-segundo tenente Francisco Antonio Leivas Otero
- ex-segundo tenente Mario de Souza
- ex-segundo tenente Antonio Bento Monteiro Tourinho
- ex-segundo tenente José Gutman
- ex-segundo tenente Raul Pedroso
- ex-segundo tenente Ivan Ramos Ribeiro
- ex-segundo tenente Humberto Baena de Moraes Rego
- ex-terceiro sargento Victor Ayres da Cruz
A Intentona - resumo dos fatos
O levante eclodiu em pontos esparsos do território nacional, a saber:
- em Natal (Rio Grande do Norte) e arredores, entre 23 de novembro e 25 de novembro;
- em Recife, a 25 de novembro; e
- no Rio de Janeiro, em 27 de novembro.
Fora de Natal, onde chegou a ser instalado um governo revolucionário provisório, o levante seguiu o padrão de um golpe militar clássico, limitando-se a ataques de militares rebeldes a quartéis e alguns atos de violência contra a população civil.
No Rio de Janeiro, as proporções do movimento foram mais amplas e cruéis, tendo sido deflagrado, simultaneamente, no 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha; no 2º Regimento de Infantaria e no Batalhão de Comunicações, na Vila Militar; e na Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos. Os amotinados, atacaram, ferindo e matando indiscriminada e covardemente seus companheiros que dormiam. A luta foi atroz e sem quartel, com os insurretos tentando expandir a rebelião a todo custo, esbarrarando na resistência das forças legalistas, e - finalmente - perdendo a luta.
Por trás da estratégia equivocada do levante estava, de um lado, a superestimação que Prestes fazia de seu prestígio no interior do Exército brasileiro, de outro, a crença do KOMINTERN de que, numa sociedade "semicolonial", bastaria proclamar o movimento para produzir uma sublevação espontânea, que englobaria de militares a operários e "cangaceiros partisans" (guerrilheiros).

Morro de Santo Antônio - Local da prisão de Arthur Ewert e interrogatório pela inteligência militar
O episódio mais dramático do levante comunista foi a tentativa de conquistar o Regimento de Aviação no Campo dos Afonsos, à época integrante do Exército (a Força Aérea Brasileira só seria criada em 1941), visando obter aeronaves para bombardear a cidade do Rio de Janeiro.
As unidades legalistas da Vila Militar, conseguiram instalar peças de artilharia para bombardear a pista e evitar que aviões decolassem. O assalto final foi realizado com uma carga de infantaria com apoio da artilharia, que retomou as instalações revoltadas.
A surpreendente violência do movimento fez com que o Congresso Nacional decretasse o Estado de Guerra, com decorrente prejuízo para as liberdades e garantias democráticas, preparando o caminho para Getúlio Vargas decretar o Estado Novo, em 1937.